segunda-feira, outubro 31, 2005

Ausente III

Mais um dia e mais uma viagem a sós… As nuvens reúnem-se da cor do chumbo no céu, o vento sopra forte e avassalador, mas o frio só se faz sentir dentro de mim.
Depois de me ter habituado a ele, custa-me olhar em volta e não o sentir por perto. Esta neurose não teria qualquer sentido se não fosse a bagagem que trago daqueles dias, aqueles que ficaram lá atrás e que tenho dificuldade em desprender da recordação.
Nesses tempos, não tinha a felicidade de o ter comigo, todas as vicissitudes da minha rota eram sentidas a sós, e nunca partilhadas. Não por não ter com quem as partilhar, mas porque me sentia demasiado senhora de mim para nunca o fazer. Como seria de calcular, as malas foram-se enchendo de bagunças compactas que, mais tarde seriam difíceis, se não quase impossíveis, de separar e deixar ficar. Hoje tenho a perfeita noção de que, se o Realizador mo tivesse enviado mais cedo, circularia apenas com uma bolsa a tira colo.
Hoje consigo assumir que, para minha grande fortuna, o meu Peregrino veio até mim como se de um prémio se tratasse. É-me preciosa a sua existência na minha vida, até porque já faz parte de mim.
Não passa um minuto sem que eu lhe memorize o olhar, o sorriso, a voz, e o calor que sinto da lareira que mantêm acesa no escritório. É para lá que volto sempre que os elementos se enfurecem e sinto-lhes o frio.
O guião está parado, como se esperasse que alguém dele se aproximasse e nele escrevesse. Vou ter que continuar na minha contínua espera. Mas faço-o de costas direitas como o meu Forasteiro me ensinou.

sábado, outubro 29, 2005

Ausente II

Não sei quanto tempo ali fiquei observando a força dos elementos, mas, numa dada altura, os matutanços deixaram de acorrer ao meu cérebro e atingi um estado de adormecimento tal, que poderia o penhasco desmoronar que eu não teria dado conta.
Voltei a mim, já a luz da manhã se fazia sentir. Os olhos doíam-me e a cabeça estava febril pela falta de descanso.
De regresso a casa, não sabia se o Peregrino lá estaria, mas alimentava a esperança de poder regressar para alguém que à minha espera estivesse… a casa estava vazia, o canto também.
Enrosquei-me na poltrona do escritório. Lá o calor é permanente, vindo da lareira que o Peregrino mantém acesa. E foi neste cenário do meu guião que adormeci enfim.

Puxando à recordação a madrugada passada, tudo se me figura como um sonho, um sonho raro e cheio de informação para processar. A cabeça dói-me e não consigo retornar aos meus matutanços.
Sei que ele me deixou, mas sinto-o à mesma. A sua presença encontra-se pela casa toda, nos sítios onde tocou, nas recordações que dele guardo, nas mudanças que originou.
O meu guião revelou-se-me um pouco mais, e eu sei que o meu Realizador moveu as suas influências nesse sentido. Mas, porque nunca me atende, fico com a sensação de que estou desligada de todo o processo. Como se, entre Ele e as forças que vão movendo o cenário, houvesse algum contrato firmado, no qual eu, nem participo, nem tenho querer. O meu Forasteiro sabe disso e pouco me revela sempre que o questiono.
Agora de nada me valem as questões se ele se encontra ausente a toda e qualquer pergunta! Os elementos que guardo na caixa que sempre trago nas mãos destituem-se de qualquer significado quando com ele não os posso partilhar. O vazio instala-se e apodera-se de tudo o que me rodeia sem a sua presença física conciliadora, e até as pedras da lua perdem o brilho quando comigo não está.
Sabendo que a pressa é inimiga da perfeição, mais um dia eu aguardo por ele, tentando o equilíbrio no alto da linha mestra do meu guião.
Se eu caísse… alcançar-me-ía?

sexta-feira, outubro 28, 2005

quinta-feira, outubro 27, 2005

Ausente


Estou aborrecida com o Peregrino! Há já quatro dias que anda perdido no tempo e no espaço. Não comunica comigo de forma alguma, não me canta, não me sorri… Por mais que tente chegar a ele, ele afasta-se, para não ter que me afastar.
Inicialmente dei-lhe espaço, mas estou desorientada sem saber se mais algum erro eu cometi.
Esta madrugada desapareceu, juntando-se aos ventos da tempestade que se sentia na escuridão. Ainda tentei chamá-lo, mas já não fui a tempo de me fazer ouvir.
A minha inquietação faz-me andar pela casa, de um lado para o outro, tentando arranjar qualquer coisa com que me ocupar, mas não consigo concentrar-me com actividade alguma. Queria gritar, assim, talvez me ouvisse! Que este não seja o preço que tenho que pagar pelos dois passos, seria muito dispendioso.
Tento o Realizador, mas continua sem me atender, e volto a deixar mensagem.
Perco a paciência e saio de casa na esperança de o encontrar. Caminho pela rua olhando em redor, reparando nas pessoas que passam, com pressa, abrigando-se em baixo dos chapéus-de-chuva, embrulhadas nos seus casacos.
Resolvo entrar no carro e arranco debaixo da tempestade. Oiço a chuva bater no vidro e o barulho do motor do limpa pára-brisas num tac-tac rítmico e interminável.
Vagueio sem destino, absorta nos meus pensamentos, apenas atentando à luz de um ou outro carro que comigo se cruza nas estradas que percorro. Dentro do carro relaxo, a condução dá-me a sensação de alcance, de resolução de algo… é estranho, mas é o que sinto quando conduzo… que vou chegar a algum lado…
Estará ele no meu destino? Essa é mais uma esperança que mantenho acarinhada dentro da minha caixinha, junto das pedras da lua que trouxe da anterior viagem.
Recordo-me: uma noite, num daqueles momentos tão nossos, ele falou-me que eu era uma caminhante da luz, e esta seria a minha demanda, até deixar para trás o meu corpo terreno. Na altura não prestei grande atenção, mas agora, enquanto oiço o tac-tac do limpa pára-brisas ocorrem-me estas conversas, e considero que ele tem uma maior visão de quem eu sou, mesmo antes de mim.
Cheguei a um caminho sem saída. É mais um destino. Paro o carro e desligo os faróis.
O que vejo lá fora corta-me a respiração! A linha da costa desaparece numa profunda ravina mesmo à minha frente, para me mostrar o oceano escuro num intenso frenesim, ribombando como um trovão contra a parede rochosa. A chuva e o vento não acalmaram, antes intensificaram-se no meu imaginário face à encenação que testemunho.
Fico estática sem conseguir sair do meu deslumbramento, mas o tac-tac continua a martelar dentro da minha cabeça, arrebatando os meus pensamentos para o meu Peregrino desaparecido.

Eu espero-te

Ele mantém-se distante.
Se ao menos com um olhar me brindasse...
Hoje necessitava que me ensinasses a compaixão. De vez em quando perco as sementes que me deixaste, mas nunca esqueço que estás comigo, pois jamais permitirias.
Se é assim que pretendes chegar até mim, pois bem! Eu espero-te!

quarta-feira, outubro 26, 2005

Só, dois passos!

Observo o meu Peregrino que tem andado apreensivo todo o dia. Pergunto-lhe o que se passa, mas ele evita-me o olhar.
Faço o que posso para retirar qualquer mensagem da postura do seu tronco, dos seus gestos, das suas mãos que nada me comunicam. Quando ele não deseja dar-me novas informações, eu sei que não adianta insistir. Mas não está na minha natureza ser aquela que aguarda pacientemente que as coisas venham ao seu encontro. Sempre me fiz ao caminho para buscar o que desejava alcançar, fosse um objectivo, uma informação, ou simplesmente uma palavra.
E ele nada me diz… não me olha, não me sorri, não me canta!
Devia ter parado no STOP, mas não vi os sinais. Tenho a idade e o discernimento para me aperceber quando devo fazer pausa, não seria a primeira vez que teria que a fazer, a pausa, mas estava distante desta realidade, numa outra que em nada me engrandece. Estava num país de sonhos onde tudo corre como eu desejo.
Como o nome indica, é o país de sonhos! E não me tem engrandecido porque, como me diz o meu Forasteiro, estou numa altura em que a minha realidade tem que me preencher a todo o momento, senão perco-lhe o rumo, e estarei novamente a precisar de me virar a oriente.
Logo que percebi que tinha dado dois passos à frente do STOP, ouvi-o sugerir-me futuras atenções relativamente a situações idênticas, mas logo que a preocupação do momento passou, esqueci o seu conselho.
Foi isso que o entristeceu, porque ele sabe que, se não o tenho em consideração, o meu trilho altera-se, e a caminhada aparta-se da programada.
Estou vazia, preciso de o ver sorrir-me novamente. Tento chamar-lhe a atenção com uma frase desculpante ou um pouco de humor, nada!
Sento-me ao seu lado e poiso-lhe a cabeça no ombro. Ele não me afasta, nunca me afasta! Ao invés, cobre-me os ombros com o seu braço comprido e beija-me os cabelos. O vazio preenche-se…
-“Que devo fazer?”- pergunto-lhe
Não vale a pena esperar pela resposta que eu já conheço.
E o sorriso abre-se.
Tenho que rever o meu guião, alterar-lhe uma ou outra personagem e o seu papel na trama, mas a linha mestra mantém-se inalterada e bem sustentada pelo argumento.
O Realizador continua sem me receber, mas eu já não me desanimo porque não me encontro só a experimentar todas estas novidades. Porém, não prescindo de lhe deixar mensagens.
Ainda terei que saber das consequências daqueles dois passos…


segunda-feira, outubro 24, 2005

O sinal de STOP


Volta e meia, espatifo um bocadinho as coisas... mas admito que tenho o engenho para as minhas reparações! A Final tudo acaba bem e com boa disposição... Sou Mesmo Uma Sortuda!!!!
Alguém me disse um dia que os Vencedores são parte da solução... Tens razão meu anjo!

sexta-feira, outubro 21, 2005

Um ciclo completo


É impressionante como os factos na nossa vida se completam em ciclos. Com um pouco de introspecção, concluímos que, partimos de um ponto, completamos um percurso, e invariavelmente o ciclo integralizar-se com o seu terminus no ponto da partida. Mas não confundamos este ponto de partida a que chegámos com aquele do qual inicialmente abalámos. Porque quando lá regressamos, somos outros, tudo impermaneceu, de forma tal que, quando nos é aberto o caminho que antes percorremos, ele afigura-se-nos inteiramente diferente e, possivelmente, sem a novidade e o seu mistério, arriscaríamos outro, mais desconhecido.
Na realidade, todos os caminhos conduzem a um crescimento, desde que a ele estejamos receptivos. Mas é agradável como, depois de tantas caminhadas feitas, paramos, nos voltamos para observar o curso atrás de nós, e ele já não tem o mesmo aspecto que tinha inicialmente, não é tão cheio de socalcos e obstáculos, e não aparenta ser tão longo, e certamente não será encarado com o mesmo pessimismo daquele que desconhece. E certamente que, com o conhecimento retirado da caminhada, a próxima já não parecerá tão surreal, ou impossível como a anterior, pois a certeza de antecedentes vitórias acorrerão no sentido de prover novas forças ao caminhante.
Não falarei das jornadas que trouxeram derrotas, já que, mesmo estas dotam o seu protagonista da experiência essencial à revisão das suas escolhas, e necessariamente, dos seus caminhos.

Quando as escolhas são as certas e o caminhante está seguro do seu discernimento, o Destino recompensa-o com pequenos obséquios, que são sublimes para os mais atentos. E ele agradece ao Destino as pequenas graças que lhe são concedidas, pois até estas lhe servem de ensinamento.
Com esta bagagem ligeira nas mãos, poderá o caminhante observar o mundo com os olhos ardentes do apaixonado quando este se mostra vertiginosamente belo, ou com os olhos suaves do compassivo quando se anuncia sombrio.
Mas estas são apenas algumas das pequenas benesses…porque há mais, muitas mais!!!!

quarta-feira, outubro 19, 2005

...E depois vem a Bonança!



Tal como ele me havia asseverado, está a acontecer! Aos poucos tudo se compõe, e as respostas são-me anunciadas. Não foi uma Grande Revelação, não me sinto a Iluminada, mas senti que as minhas raízes se afundavam e a minha base de sustentação assentava.
O meu todo encontrava-se estripado, desentranhado e os seus componentes apartados e perdidos algures, onde eu não os conseguia reunir porque desconhecia do seu paradeiro.
Pedaço a pedaço, vou combinando as partes que me surgem, e o meu todo começa a tomar forma. Em breve terei o produto final do meu guião.
Logo que disto tomo consciência, corro para abraçar o meu Peregrino, e não recebo colo em troca como esperava, antes uma palmadinha no ombro e um sorriso gaiato. Esteve sempre certo deste destino, e ainda sabe de mais, mas mantém o segredo, para me arreliar, diz que tenho que ter os olhos bem abertos, o coração disponível e as costas direitas.
O que quer ele dizer com isto? Eu apenas faço uma pequena ideia! Mas sei que só tenho que ter um pouco mais de paciência. Eu confio na função que o meu Peregrino tem comigo, e ele nunca me abandonou, nem mesmo naqueles dias…naquele tempo…
A tempestade foi mal passada, mas a bonança avizinha-se…
Olho pela janela enquanto penso no que escrevo e sei que ele me observa do seu canto. Sabe que escrevo sobre ele e sobre nós, e brinda-me, não sem o seu ar de gozo, com um sorriso brilhante. Mas eu não me belisco com a sua atitude pois tenho a clara percepção de que ele não esta comigo apenas pela sua função, mas porque se sente feliz perto de mim. Deleita-se com os meus pensamentos e ambições e envaidece-se quando dele escrevo, e sabe que adoro quando me sorri, me olha, me canta…apenas.
Estou a ser premiada! Uma respiração quente na minha nuca, um toque suave prolonga-me as costas, e abandono-me no seu abraço, confiante de que esta noite vai ser bem dormida. Eu também mereço!

sexta-feira, outubro 14, 2005

O Apartamento

"Matthew (Josh Hartnett) é um jovem bonito com um bom emprego e ainda uma melhor namorada. Pouco antes de embarcar para a China para obter o seu primeiro grande cliente financeiro, o passado regressa para o atormentar. Ele encontra o seu amigo Luke (Matthew Lillard), que namora uma actriz misteriosa, Alex (Rose Byrne). Subitamente, ele lembra-se de Lisa (Diane Kruger), uma dançarina que namorou anos atrás e que no dia seguinte a ele pedir-lhe para mudar-se para a sua casa desapareceu. A busca pelo seu amor perdido é renovado, mas envia-o num perigoso caminho. "
Um resumo que, de forma alguma consegue transmitir a excepcionalidade deste filme.
Esqueçam as tradicionais histórias de amor, esqueçam a linda princesa e a bruxa má!
Recordemos a nossa actual vivência, o nosso dia-a-dia, e lembremo-nos que, se não temos a actividade a distanciar-nos do que mais amamos, temos a amiga invejosa, a familia criteriosa ou a crise económica.
Sem qualquer sombra de dúvida, este filme é uma manifestação da preserverança e da loucura que se espera do Amor.

quarta-feira, outubro 12, 2005

Tempestade, nada Tropical

Foi mais um dia de acordar com a madrugada, mas já fazia dia. Depois da chuva da noite ficou o cheiro acre da terra molhada, que do terraço iludia já que só vislumbrava estrada de alcatrão, brilhante da humidade.
Enrolei-me no casaco e voltei para dentro de casa. O Senhor dos Sonhos prega-me destas partidas, e fico desperta, só, com os meus matutanços que costumam ser nocturnos.
Sentei-me no escritório a ouvir o Cânon in D de Pachelbel e quis libertar-me aos pensamentos que eram dos dias anteriores. Mas eles não tinham coesão alguma, iam e vinham incessantemente, sem lógica ou argumento para o meu guião. Chamei pelo Realizador para que me oscilasse uma luz no meu cenário, mas estava ocupado! Sempre ocupado!
A tempestade não perdeu energia, ainda aqui se encontra bem presente. Receio por estragos e anseio por respostas.
O Peregrino acocorou-se nos meus joelhos em frente do cadeirão onde estava sentada, enrolada no casaco. Segurando-me a ponta dos dedos, beijou-os, um a um, com método de sentir, com aplicação. Olhava-me daquela maneira que só ele sabe e sorria-me como o gato que saboreou o biscoito… nada me disse! Eu quero que fale comigo, mas nada me diz, olha-me, canta-me, sorri-me…apenas!
Mas eu quero mais! Digo-lhe e repito.
Ele sabe algo que eu não sei,… ainda. -“Saberei, quando for a Hora!”- revela-me.
Transmite-me directamente luxúria às entranhas que se retesam de ansiedade, e arrepia-me com o seu toque indissipável.
Tomo consciência de que será difícil igualar tão grande mestre provocador. Ele sabe dessa realidade e aproveita-se da vantagem.
Ao reparar que estes pensamentos me entristecem, compensa-me tomando-me nos braços e fazendo de mim e em mim o que mais nenhum outro alguma vez teve capacidade de provocar.
E assim o guião se exterioriza, mais difícil de ser interpretado, seja por protagonista, ou antagonista…
…E a tempestade que não passa…

terça-feira, outubro 11, 2005

Esta Viagem


A melhor deslocação que podemos fazer, é aquela em que o espirito se movimenta no sentido do que deseja mais alcançar. É certo que, nem sempre estamos desatados do nosso corpo para que possamos permitir uma nova viagem. Contudo, quando esta é encetada, trata-se de uma experiência única e inolvidável.
E assim subi ao mundo do meu Peregrino, não sem as minhas habituais reticências, mas com uma forte convicção de que mais luz se faria dentro da minha caixa.
Não fiquei por muito tempo, porque os encontros comigo mesma nem sempre são isentos de cansaço, mas trouxe comigo um saquinho pleno de pedras da lua que me brilham sem luz propria, mas incessante.
O Peregrino vê estes meus espantos com algum paternalismo, e eu, melindro-me.

segunda-feira, outubro 10, 2005

My life and my love

My life and my love, like a passing storm
Flashing, and clashing and thrashing about
No solace of heart, in me, tends to form
The brighter my day, the darker my doubt
My love's rainbow is scarcely seen by eye
Glowing, and flowing and growing in me
Till it fills and floods and shoots out my side
Far enough, high enough, so she can see
The storm recedes and is forever gone
Gliding, and striding, and hiding for good
So too my life, my love so nearly drawn
Much closer than any that ever could
Oh, pierce the soul, pierce the depth of her heart
Detecting, connecting, injecting me
Hand in hand, we're running to a new start
Where you, I and a world of love will be

William Shakespeare




------- O tio Guilherme sempre foi muito ousado a descrever as emoções mais terrenas.

sábado, outubro 08, 2005

sexta-feira, outubro 07, 2005

Farta de escolhas!!!
Vou passar um fim de semana rendendo-me ás futilidades a que nunca me entrego e, aproveitando o espirito de não alcançar nada, vou votar.
O Peregrino vai franzir-me o sobrolho...


E se invertesse esta realidade, um bocadinho só... Quem sabe...?

São tantos!


Há alturas em que os trilhos a percorrer podem ser muitos... mas não nos levam a lugar nenhum...

quinta-feira, outubro 06, 2005

O meu Forasteiro

O Peregrino segue-me novamente, não me tem deixado desacompanhada por um segundo que seja. Ele sabe de algo que eu ainda não tenho conhecimento. Quando lhe pergunto sobre o futuro, ele mantêm-se reservado e observa-me com o seu olhar penetrante. O seu silêncio inquieta-me, não sei porque o faz.
Noutros tempos, quando lhe perguntava algo, ele respondia-me, que mais não fosse com outra pergunta… fazia-me reflectir, impelia-me a isso. Agora, nada: olha-me, sorri-me, canta-me.
Não sei o que considere de tudo isto! Se me mostro mais nervosa, envolve-me, abraça-me, e ali fico, quieta, esperando um sinal dele. Se me mostro demasiado apática, ele vem e canta-me naquela voz grave e sussurrante, até começar a dar mostras de reacção. Se estou arrebatada e jubilosa, vejo-o sorrir-se, como um gato que bebeu o leite e mastigou o biscoito.
No fundo, não me quero queixar, porque sou uma mulher de sorte, tenho o meu Forasteiro sempre comigo, a volver-me para oriente. Mesmo quando o não vejo, sinto-lhe o cheiro, oiço-lhe o respirar.
Mas esta semana tem sido estranha! Ele nunca agiu assim! Que terá mudado? O que irá mudar?
Certa estou que brevemente saberei. Com um pouco de paciência, o tempo responde a todas as perguntas e vem criar mais umas tantas. Não importa, eu gosto de cogitar, preciso dessa ginástica mental. Daí estar aqui com tantas preocupações na atitude dele, porque de outro modo só precisaria de esperar um pouco até me serem mostradas as respostas.
Na verdade, gosto de o ter comigo, a sua perfeição apaixona-me, a sua beleza excede o imaginário e a sua luz clarifica-me os trilhos nos quais caminho. Temo que um dia me abandone e a minha passagem fique no breu como já esteve um dia, um dia muito lá atrás.
Fez-me sinal, não quer que eu pense no passado, diz-me que abandone aquela mala, a do peso que me aflige as costas e me arqueia os ombros. Novamente estou mais leve… ele tem sempre razão, não tenho como duvidar!
Tiro os olhos do ecran, olho-o, e ele retribui-me um sorriso.
Não tenho como duvidar!


quarta-feira, outubro 05, 2005

Mais Light

Decididamente, é preciso luz para se fazer renascimento; dou-te uma nova cara para poder lavar a minha dos traços que me foram deixados pela vivência do "ontem".
O meu Peregrino está comigo novamente dizendo-me para me libertar daquela mala grande que carrego. Julguei que a tinha deixado lá atrás, naquela intersecção que tanto me custou a passar. Carregava-a e não dava por ela! É extraordinária a força que nos faz arrastar tanto peso por caminhos tão pedregosos. Agora sei porque as minhas costas sofrem...
Mantenho-me sorrindo. Quando sorrio, sinto o vento varrer-me as emoções mais árduas, deixando-me leve.
O Sol tem feito muito por mim; eu agradeço este Outono que vem em tons de azul e não de ouro, porque o dourado ir-me-ía pesar na alma, e assim me liberto de cargas de Invernos idos e tidos.
Enquanto escrevo o Peregrino sorri-me com os olhos, e agora sei, mais uma vez, que estou num caminho... Ele sussurra-me: -"Dentro da tua caixa tens a força, a solicitude e a preserverança, encontra-os!"- e canta-me!
Estou confiante mais uma vez, a insegurança não está no meu guião... por mais que queira permanecer no cenário, eu não lhe dou atenção...aborrece-me. Prefiro olhar por cima do meu nariz e cheirar o que tenho debaixo dos olhos. Mas só o faço naqueles momentos em que o cenário se pinta dela, da insegurança. Porque em todos os outros, olho derredor, e cheiro bem fundo para que me impregne de aroma. Exulto e não penso muito sobre o assunto.
Assim sou, e pretendo-me manter!
Entrei no Outono, caminhando para o Inverno com o espírito do Verão... bem mais Light!!!!
E oiço-o cantar...

segunda-feira, outubro 03, 2005

Sol Oculto



Um eclipse do Sol é um fenómeno de rara beleza, privilégio dos seres que habitam o Planeta Terra. Trata-se do resultado de uma interessante coincidência entre as dimensões do nosso satélite natural, a Lua, e a distância à nossa estrela, o Sol. A Lua tem um diâmetro de aproximadamente 3.476 km e encontra-se a uma distância média de 384.400 km da Terra. O Sol, que tem um diâmetro de 1.392.000 km (cerca de 400 vezes maior do que a Lua), fica a uma distância de 150 milhões de km ou seja, aproximadamente 400 vezes mais distante do que a Lua. Como consequência, os diâmetros aparentes do Sol e da Lua, vistos a partir da Terra são muito próximos. Um eclipse ocorre sempre que a Terra, a Lua e o Sol estão perfeitamente alinhados.
E foi o que aconteceu esta manhã pelas 09:53H. Contudo, não foi um eclipse vulgar, mas sim uma sua variante: um eclipse anular- ou seja, a Lua não tapou complectamente o Sol, mas apenas a zona central do disco solar, o que resultou na observação de um anel de luz. A designação de anular provèm do latim anulum, que significa anel.
O próximo eclipse desta natureza terá lugar apenas em 2028... Até lá... resta-nos apreciar a natureza na sua explendorosa magnificiência.


... E do dia que escureceu, fez-se um novo amanhecer...