quarta-feira, outubro 19, 2005

...E depois vem a Bonança!



Tal como ele me havia asseverado, está a acontecer! Aos poucos tudo se compõe, e as respostas são-me anunciadas. Não foi uma Grande Revelação, não me sinto a Iluminada, mas senti que as minhas raízes se afundavam e a minha base de sustentação assentava.
O meu todo encontrava-se estripado, desentranhado e os seus componentes apartados e perdidos algures, onde eu não os conseguia reunir porque desconhecia do seu paradeiro.
Pedaço a pedaço, vou combinando as partes que me surgem, e o meu todo começa a tomar forma. Em breve terei o produto final do meu guião.
Logo que disto tomo consciência, corro para abraçar o meu Peregrino, e não recebo colo em troca como esperava, antes uma palmadinha no ombro e um sorriso gaiato. Esteve sempre certo deste destino, e ainda sabe de mais, mas mantém o segredo, para me arreliar, diz que tenho que ter os olhos bem abertos, o coração disponível e as costas direitas.
O que quer ele dizer com isto? Eu apenas faço uma pequena ideia! Mas sei que só tenho que ter um pouco mais de paciência. Eu confio na função que o meu Peregrino tem comigo, e ele nunca me abandonou, nem mesmo naqueles dias…naquele tempo…
A tempestade foi mal passada, mas a bonança avizinha-se…
Olho pela janela enquanto penso no que escrevo e sei que ele me observa do seu canto. Sabe que escrevo sobre ele e sobre nós, e brinda-me, não sem o seu ar de gozo, com um sorriso brilhante. Mas eu não me belisco com a sua atitude pois tenho a clara percepção de que ele não esta comigo apenas pela sua função, mas porque se sente feliz perto de mim. Deleita-se com os meus pensamentos e ambições e envaidece-se quando dele escrevo, e sabe que adoro quando me sorri, me olha, me canta…apenas.
Estou a ser premiada! Uma respiração quente na minha nuca, um toque suave prolonga-me as costas, e abandono-me no seu abraço, confiante de que esta noite vai ser bem dormida. Eu também mereço!