quarta-feira, novembro 30, 2005

Fernando Pessoa


De tudo,
Ficaram três coisas
A certeza de que estamos sempre começando…
A certeza de que precisamos continuar...

A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar…
Portanto devemos

Fazer da interrupção, um caminho novo...
Da queda, um passo de dança…
Do medo, uma escada…
Do sonho, uma ponte…
Da procura, um encontro…


Fernando Pessoa disse:"Aconteceu-me um poema!"
70 anos depois de teres partido, as tuas palavras circulam no papel, nas mentes, nos íntimos, ensinando que o Português sabe fazer dos pensamentos palavras com sentido.

terça-feira, novembro 29, 2005

Dança

Cruzam-se os olhares no espaço, naquele segundo em que o tempo parou, com o brilho da sedução a irradiar nas expressões.
Decidido, em quatro passos, percorre a distância que há entre os dois e estreita-a, bruscamente, no seu abraço. Os corpos embatem, torso com peito, coxas com coxas, quentes e húmidos de expectativa. A mão aberta que sobe pelas costas nuas e os dedos nodosos que percorrem o pescoço feminino. A pele queima, os lábios avermelham de prazer nas bocas entreabertas que emanam hálito de erotismo. Juntos, colados num ser perfeito. O tórax sobe e desce com respiração pesada… olham-se.
O som batente de um Tango abre e ela deixa-se guiar.

segunda-feira, novembro 28, 2005

Os feixes de luz


Do dia faz-se noite, para novamente se fazer luz, renascida num novo alvorecer.

...continuando a preencher os meus momentos com pedras da lua, guardo-as como se de tesouros se tratassem, para uma futura partilha de pequenos grandes prazeres. Quando as resguardo no seu canto, elas brilham e aquecem os sentidos.
Aguardo o momento em que o meu Peregrino poderá regressar para com ele as partilhar e fechar mais um ciclo.

quinta-feira, novembro 24, 2005






Uma legenda???

É grande, mas eu chego lá! O meu estomago é forte e eu sou muito teimosa.

Tragam a melancia que eu engulo!!!!!

terça-feira, novembro 22, 2005

The blow


Just like in that other world, the one i don't wanna return to.
Don't break it slowly, i'd rather feel the blow, than just revive some numbness . At least i felt something... Can you feel it?

A um minuto, num segundo


A um minuto do tempo,
num segundo de vida,
poderias ter reparado
no que te queria revelar.
Se não o viste
o momento perdeu-se,
como a flecha lançada
como a palavra dita.
Que já não recua,
porque recuar seria viver duas vidas
quando já numa não somos gratos
pelos momentos que ocorem...
...a um minuto do tempo,
num segundo de vida,
ambos perdemos.
Eu fiquei,
sonhando,
com o que a realidade não me devolve,
a um minuto do tempo,
num segundo de vida.

quinta-feira, novembro 17, 2005

Vício??? NUNCA!!!!



Encontrei este cartoon enquanto deambulava na www e, o que é engraçado, é que encaixa prefeitamente no seguimento do anterior post. Na verdade, deixar de fumar, de há 6 meses para cá, não se afigurou tão difícil como deixar o vício do computador. Todos os dias necessito de me ligar com o mundo, de saber notícias do Perú, do México, do Brasil, de África do Sul, da Turquia... Todos os dias, invariávelmente, "converso" com o Cázè em Trás-os-Montes, com o PP no Porto, com o Mário no Algarve, com o Tó na CityLx, com a Mafalda em Miraflores, com a Fátima em Oeiras, com o Jorge mesmo aqui ao lado...
Algumas destas pessoas já as conhecia, e a net é um meio de poder "estar por perto", outras, como diz o Jorge, não as teria conhecido sem ela.
O tabaco, porque nada me trazia de positivo, deixei-o, e não olho para trás, não me faz falta. A net, só me tem trazido resultados positivos. Desde o conhecimento que dela retiro com as minhas pesquisas, às amizades de que me recuso a abdicar.
Dizem os preconceituosos que a net é um meio frio, que pertence aos solitários. Bem! Afirmo eu o contrário, porque na minha experiência, trouxe-me o mundo, trouxe-me o carinho e a amizade dos que buscam o mesmo que eu! E não me considero solitária, porque me vejo rodeada de tanto!
Por estas razões, e mais algumas tantas, não deixo este bom hábito, porque não lhe posso chamar vício!!! Vício seria se os CáZès, as Mafaldas, as Fátimas, os Jorges, os PP's, os Tós, os Lobos e tantos outros que agora me são queridos, o não fossem e eu mantivesse uma obcessão desprovida de conteúdo. Como me trouxe um manancial de oportunidades recheado de carinho... Vício??? Nunca!!!

terça-feira, novembro 15, 2005


Esta noite tive a oportunidade para me aperceber verdadeiramente da capacidade que a internet nos dá de comunicarmos com quem queremos, podendo essa pessoa estar a uns meros metros de distância, ou do outro lado do mundo.
Mas, mais além da mera comunicação, tomo nota de que, até por aqui juntamos corações. Não me refiro àquelas lamechices de paixões virtuais, mas da possibilidade de não estarmos sós, de matarmos a saúdade de um amigo que se encontra longe e que não vemos há muito, da possibilidade de se iniciar um novo conhecimento e , quiçá, uma nova amizade... de um dar e receber, de conhecer e de dar a conhecer.
A WWW permite-me agora, saber daqueles que, não estando perto, me querem perto, e daqueles que, estando perto, querem sentir-se mais próximos... permite-me aproximar-me de todos eles.
E a todos os que trago comigo, dentro desta caixinha que eu carrego
Um beijo doce, carinhoso e sentido.
Cláudia

domingo, novembro 13, 2005

Transparente

Quero ser transparente como ar
Para não ser vista quando passo
Para que não me reparem quando estou a reparar
Para que não me percebam...
Quero ser firme como chão não pisado
Como chão que nunca tremeu
Como que ressalvado da erosão
Como base de tudo o que significa solidez...
Quero ser leve como o éter
Porque plano quando sinto cair
Porque voo quando não quero ficar
Porque me sinto livre para divagar...
Vou fazer de mim sonho
Mas porque assim sou completa
E porque sem sonhar definho
Ao olhar dos que reparam.
E por isso quero ser transparente
Para que não se apercebam
Que não sou assim tão firme
E que nem sempre consigo voar.

Cláudia Vaz Antunes

sexta-feira, novembro 11, 2005

Ultima memória

E ouvía-os gritar: "Eles são doidos!! Desçam daí!!!"

Estas foram as fotos que, há 11 anos atrás, 3 doidos tiraram de cima de uns andaimes... para agora recordar..






Como aprendera-mos com o Clube dos Poetas Mortos, devemos sempre ter uma outra visão das coisas, que mais não seja, de cima!

quinta-feira, novembro 10, 2005

Outra Memória



Foste o primeiro a partir, sem olhar para trás, para nós, que deixavas ficar. A tua crueldade fez-me rancorosa e não te quis perdoar.
Com quem discutiría os assuntos da jota, da acção social, das injustiças do mundo? Quem iría d’ora avante zombar comigo do Governo e das Instituições Democráticas, que, de democráticas, para nós, nada tinham. Continuei reaccionária, mas sem companheiro de reacção. Reagi! Contra ti!
Faltou-me o moscardo que me picava sempre que me acobardava nas decisões, que me empurrava quando hesitava saltar no desconhecido.
Eras tu que quebravas o silêncio das tardes na longboard com anedotas, cujo sentido só para ti existia.
Toda a mulher precisa de um filho-da-mãe na sua vida, para não se envolver com um filho-da-outra que lha estrague verdadeiramente.
Consigo ver agora a tua expressão irónica enquanto escrevo estas linhas, como se me dissesses: - “…E JÁ VAIS TARDE!”-
Podia tê-lo feito há mais tempo, mas não encontrava a paz e a compaixão por mim para o fazer.
O meu feitio soviético morreu um pouco contigo, foi definhando, até que, por fim, exalou o seu último suspiro com o do Monstro… até há pouco tempo, quando o senti respirar de vida.
Agora, não termino mais um tributo, mas sim O Tributo que vos prometi, aquele que gostaria que me fizessem… O Recordar do Todo.
Hoje reviro as fotos e os nossos livros brancos a abarrotar de palavras, gatafunhos e bonecos, e cada momento, cada recordação, cada som, cada cheiro me devolvem de regresso àqueles tempos de irresponsabilidade sã. A cada retorno eu me sinto mais livre, menos pesada da culpa que me atribuí.
Tenho sorte em ter um anjo de espírito crítico a olhar por mim… Obrigada pelo sonho doido que me fizeste sonhar.
Também não tens casa, pertences ao meu coração enquanto eu me lembrar que te Amo, meu Miguel.

quarta-feira, novembro 09, 2005

Uma memória



Aprendo a saber onde pertenceste, onde foi a tua casa…
Pertenceste ao teu quarto, aquele onde, em garoto, guardavas os brinquedos, e mais tarde levavas as namoradas;
Ao teu carro, aquele que o teu pai te ofereceu por teres entrado na universidade, e onde transportaste as miúdas em direcção aos miradouros e onde permanecias, com elas a marmelar;
À biblioteca, onde queimavas as pestanas a tentar estudar para os exames de final de curso;
Às ondas que te deixavam deslizar em velozes ziguezagues, às paredes de rocha que escalavas de pés nus, ou à memória dos morcegos que te recebiam sempre que na casa deles entravas com a parafernália de cabos e mosquetões.
Não pertencias a nenhum lugar, no entanto estavas em todos, seguro e confiável, meigo e prestável.
Encontro-te agora no Guincho onde me transportavas na tua longboard e me ensinavas a escutar a espuma das ondas, num sobe e desce langoroso e tantalizante ; encontro-te na Torre onde desenhávamos loucuras na areia e nos deslumbrávamos com o reflexo da lua no espelho marítimo; encontro-te, Monstro, sempre que uma bênção me é presenteada, quando nada parece resultar, quando não vejo alternativas, quando as consequências são demasiado dolorosas e o choro não alivia o sofrimento, mas, no último momento, naquele em que toda a esperança cessou, o destino tece uma reviravolta e o negativo desaparece. Nestes momentos, oiço os teus olhos, vejo o teu sorriso, sinto a tua ternura, e tudo se torna alcançável, possível, realizável.
Desculpa se te chorei no egoísmo de te não querer perder. Eu agora sei que nunca te perdi, um dia encontrámo-nos e unidos permanecemos num laço inquebrável, o da confiança, da ternura, do Amor.
Hoje volto ao teu quarto, à biblioteca da UL, aos locais onde nos escondíamos dos pais e do mundo, e já não sou a mesma desses tempos, tu também já não serias, mas estou certa de que, quem foste ajudou a ser quem sou.
Na recordação ficam os sonhos planeados sem realização… do Kilimanjaro, às florestas do Cambodja, um dia… estarei lá e recordarei, como se comigo estivesses na sua realização, e deixarão de ser sonhos.
Na efemeridade da vida física não encontro a tua casa, na inalterabilidade da alma, pertences-me em espírito enquanto me recordar que te Amo, meu Monstro.

A Ti, que um dia chamei Paulinho… ou Gonçalo, mas sempre o meu Monstro.

sábado, novembro 05, 2005

?

O que é que se diz?
O que é que se faz?
O que é ser feliz?
E será que isso satisfaz?!
O que farei do dia?
O que farei da aurora?
Existirá harmonia
Como existiu outrora?
Existirá tranquilidade
No acto de confiar,
Numa futura amizade
Que terá o risco de acabar?
E do amor?
Que poderei eu dizer?
Continuará o seu calor
Se eu o conseguir manter?
Então e a vida?
Acabará com a morte?
Ou será uma saída
Para uma nova sorte?
Qual será a conclusão
Que poderei tirar?
Quando desesperadamente se foge da solidão
Correndo o risco dela nos matar.

sexta-feira, novembro 04, 2005

* * * *

Tenho Vida para trás e uma História a acontecer... Lá, bem à frente!

quinta-feira, novembro 03, 2005

Um despertar

Acordei em sobressalto porque estava gelada. A janela do escritório fora deixada aberta e a lareira estava apagada. Um vento gélido por lá entrava juntamente com a chuva que me molhava as cortinas e o tapete. Corri a fechar as portadas, mas a rigidez das articulações fez-me cambalear e cair. Levantei-me, e aos tropeções empurrei-as contra o vento, fechando-as.
Olhando em volta, via o meu espaço outrora calmo e acolhedor transformado num vórtice desconfortável de desordem. Livros, revistas temáticas e outros papéis estavam espalhados pela secretária e pelo chão. Na estante dos autores portugueses, cd’s de musica fora das caixas, aguardando que os levasse a serem tocados, e, a escuridão da ausência do meu Forasteiro que, de fora ainda não regressou.
Pus uma manta pelos ombros e esfreguei os braços para afugentar a dormência da hipotermia, e fui à cozinha colocar a chaleira ao lume. -“Um chá de ervas vem a propósito!”
Enquanto aguardava a água ferver, passeei pela casa vazia, tentando recordar alguma atitude dele que me pudesse dar um sinal de quanto tempo terá esta ausência. Estou ciente que se entristeceu comigo por não lhe ter dado ouvidos da última vez, mas de forma alguma seria razão para tão grande abandono. Recordo a expressão quente dos seus olhos, e uma outra, mais humana, que não sei decifrar. Depois disso, desapareceu!
O silvo da chaleira retira-me destes devaneios.
Com a chávena de chá aromático e fumegante nas mãos, envolvo-me melhor na manta e saio para o terraço. O vento faz-se sentir gelado, mas tenho que despertar das minhas quimeras, tenho que saber viver sem muletas, e o Peregrino não é, certamente uma muleta, mas sim… o quê?!! É o meu Peregrino, não tem outra definição… é a minha Luz! Uma muleta para me ajudar a viver, jamais!!! E foi esta definição que lhe dei nos dois últimos dias que comigo esteve. Deixei-o ficar mal, deixei-me ficar mal. Tenho conhecimento para fazer melhor do que isto!
Regressei para dentro de casa, mas não fui para o escritório, nesse não voltaria a entrar até que ele lá tornasse para reacender o lume da lareira. Sentei-me antes na sala de jantar, em frente da mesa, a escrever no meu guião o futuro enredo que desejo ver acontecer numa página completamente nova, e em branco.

quarta-feira, novembro 02, 2005

Nua


"E se eu beber desta luz que apaga a noite em mim"

Sorvi do mar o azul que precisei para respirar mais uma noite.
E assim me deixou, nua, mas prenhe de brilho... é um presente do Realizador, que veio sem o livro de instruções, mas que eu acarinho como se de mais uma caixinha se tratasse.
Ao mundo cheguei nua, observada pelos Seres da Luz, e daqui partirei pelas Suas mãos... Nua? Talvez, mas prenhe da luz que sorvi do mar.