quarta-feira, setembro 28, 2005

Amanhã


Já é amanhã, mas os pensamentos são os de ontem. Queria que tivessem avançado um tanto. - O Matutanço continua!
Não consigo parar de pensar no que nos faz engasgarmos um momento específico e não andarmos em frente. A trama da minha história não avança, muito embora as linhas mestras já estejam mais do que traçadas. Só desejava saber o que poderia catalizar as cenas que estão já desenhadas no meu story board, para o meu filme me ser devidamente exibido. Certamente que ainda me faltam nomes na ficha técnica. Sim. Decididamente! Mas quem?
Todos os dias elevo os meus solilóquios ao Realizador, não obtenho resposta. Ele nunca me pode receber, está em reúnião! Mas acredito Nele, porque só a minha fé no Seu trabalho me dá algum conforto para este atraso infindável.
-"Ele é competente e sabe o que faz"- digo eu, numa vã tentativa de acalmar os meus receios. Mas estou impaciente, não quero aguardar mais, dói-me o espirito do calo da espera... Será que Ele se esqueceu? Não, Ele nunca se esquece! Envia-me, em dias um Peregrino seu, que me acaricia a alma com a sua respiração morna e suave. Nesses dias, pousa-me no colo, e ali fico como se a casa tivesse regressado, sem saber de onde nem quando parti. Sussura-me ao ouvido melodias de renascimento e extática deixo-me envolver no seu abraço. Volto a fortalecer-me para a espera que me aguarda, para novamente precisar dele.
Onde estás tu esta noite????

terça-feira, setembro 27, 2005

Hoje

Hoje vou ter dificuldade em dormir, depois de uma recuperação tão fulminante... Na boa das verdades... nunca consegui recuperar do meu sono perdido... Mas nada tem a ver com pesos da consciência.
As minhas insónias sempre poisaram a minha almofada por "matutanços" dos porquês das atitudes, minhas e alheias. E hoje voltarei a matutar.
Onde é que se desliga o botão??? Há tanto tempo a pilotar este corpo, e ainda não o conheço a 100%.

sexta-feira, setembro 23, 2005

Fernando Pessoa

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...


FERNANDO PESSOA


-------Um desafio desta criança para uma mulher muito adulta de si...Tens coragem para aceitar???

segunda-feira, setembro 19, 2005

Agora já te vi...



Pediste-me para ir, eu fui. Que querias tu mais?! Querias que te injectasse a luz do sol pelo quarto que manténs escuro? Como querias que o fizesse? Não me deixaste uma janela para abrir. Que querias tu que fizesse?
Deitei-me ao teu lado para te abraçar, para exorcizar a parte de ti que não queria que aí coubesse… nem o teu cabelo me deixaste alisar. Os teus demónios consomem a tua determinação e a ternura que em tempos foi virgem… Agora não te dás. Porque é que não me dás? Se não me dás, eu troco o mau de ti pelo óptimo de mim. Mas tu não me recebes, já não me recebes. Aceita-me porra!!! Ao menos por um minuto eu te cederia um pouco da luz que trago dentro da minha caixa, aquela que tem os jardins verdes e os oceanos anis. Esses ao menos levantam-me de manhã e carregam-me ou longo do dia. Não, minto! Eles não me carregam, eu tenho a altivez de os manter aqui, comigo, dentro daquela minha caixinha.
Mas porque não queres aceitar? Só porque um dia eu fui como tu? Queres castigar-me? Eu já aprendi! “Ruim é o cão que lhe dão o osso e não o rói” Eu aprendi…quando já não esperava pela aprendizagem apareceu o Mestre… aquele que sem saber ler ou escrever, me inoculou o conhecimento.
Recebe o que aprendi. Sem quereres não te posso chegar… estas tão longe! Aproxima-te para eu te ver, vem para mim…
Ver-te assim corrói-me como os seres que vagueiam sob da tua pele e que teimam em morrer.
Não te deixes vencer, a vida precisa de ti para a atormentares, para lhe gritares… Grita-lhe… Eu também sei gritar, eu grito contigo. Se não te apetece gritar, açoita-a. Fere-a com os punhos do teu espírito… mas liberta-te!
Faças o que fizeres, não é vergonha passar por debaixo do túnel, retorna que eu sou vaso que te recebe.
De todas as certezas que eu te dou, estas são as mais certas: nada permanece, mas há laços que nunca se rompem, EU ESTAREI SEMPRE PARA TI.

sexta-feira, setembro 16, 2005

Vem

Vem,
Vem conhecer...
Dá-me a tua mão e vamos correr mundo
Vamos saber das estrelas
Percorrer a via láctea
Vamos saber do que há de mais profundo.
Vem,
Vem saber...
Percorrendo caminhos jamais pensados
Sonharemos rios, oceanos, lagos
Sonhos e mares nunca de antes navegados.
Vem,
Vamos ver...
Daquilo que temos para além dos demais
Sabes que somos diferentes
Mas juntos sempre mais
Vem,
Vem sentir...
De tudo o que temos para dar
De tudo o que nos resta conhecer
Conhecimento inato que provém do mais puro olhar.
Vem,
Vem conhecer...
Comigo e comigo apenas
Tudo o que nos rodeia de mais belo
Tudo o que existe de mais puro e singelo
Vamos fazer da vida o mais lindo dos poemas.
Vem,
Vem olhar...
Tudo o que tem de verde e azul o mundo
Porque o sol volta sempre a brilhar
Depois do entardecer e da noite acabar.
Vem,
Vamos caminhar...
Porque a emoção é vida de alma
Porque de sentir, arriscar é poder
Assim por amor será sofrer...
Só depois poderás gritar:
EU SEI VIVER!

Cláudia Vaz Antunes
17 de Setembro de 2004

quinta-feira, setembro 15, 2005

Ocupação

O nosso tempo está sempre demasiado ocupado... que faremos da vida quando não tivermos tanta ocupação? O tempo será sempre demais, uma tortura! Na boa das verdades, a tortura do vazio vem preencher o vácuo que ficou porque não soubemos manter uma simples relação humana.
Falarei sobre isso mais tarde, sinto-me demasiado simplista para me envolver com estas sensações.
Vou aproveitar que Portugal inteiro se junta para ver o futebol para sair e ouvir o entardecer. Quem sabe eu recupero mais uns bons momentos da minha vida...

terça-feira, setembro 13, 2005



É verdade que, nestes últimos dois meses, tive vários regressos, e que, de certa maneira identifiquei-os aqui... para mim. Contudo, não consegui deixar de fazer um comentário a este em particular, e a razão de ser, explicarei no fim.
Regressei revelando uma das minhas mais usuais meditações; é certo que não sou uma entendida na matéria, mas resulta comigo e poderá resultar contigo.
Tentei transcrevê-la o melhor que pude, já que o processo de meditação ocorre de uma forma muito pessoal, e cada pessoa o sente á sua maneira.
E porque é que marco este dado momento desta forma?
Porque tenho esperança num renascimento;
Porque espero que ajude a quem procura a sua ajuda;
Porque me procuras;
Porque ao menos hoje sinto gratidão por tudo.
Sempre que as minhas palavras te acalentam a esperança de uma melhor vivência, eu cresço um pouco mais.

Uma Meditação



Deito-me confortavelmente, com as pernas e os braços ligeiramente afastados do corpo, palmas das mãos para cima…
Fechando os olhos, imagino que uma chuva violeta cai sobre mim e me lava de todas as inquietações presentes…
Deixo a respiração profunda oxigenar todas as células do meu corpo… relaxando profundamente.
Focando a atenção no meu corpo, sinto-o afrouxar a cada expiração… os pés, as pernas, as coxas, a bacia, o abdómen, o tórax, as mãos, braços e pescoço, o maxilar, os olhos, a testa, o couro cabeludo…
Aos poucos, tomo consciência de que o meu corpo assenta no colchão, e que o colchão assenta na cama que, por sua vez assenta na casa. A casa está sobre a terra e a terra está no meu pais, e o meu pais encontra-se no planeta… e o planeta esta num ponto do universo.
O universo é energia que se reúne num feixe de luz prateada e que desce em direcção ao planeta, e à terra onde me encontro, descendo sobre mim e atestando-me de energia reparadora. Sinto claramente essa energia, essa luz a ser descarregada em mim e sendo absorvida pelas minhas células.
Sinto que o meu corpo inicia uma transmutação, ele regenera-se ao receber essa luz, e ao mesmo tempo clarificam-se as ideias, os pensamentos.
Já não estou preocupada ou apreensiva… Sinto-me livre, feliz, regenerada.
Apenas retirei ao meu tempo uns 30 minutos, 30 minutos que me gratificam com um resto de dia mais bem passado.
Tendo consciência que tenho problemas, mas que Eu Não Sou os meus problemas, tento encará-los com o conhecimento e a luz que possuo nesse preciso momento.
E assim passa mais um dia com o lema, “ao menos hoje não me preocuparei.”

Cláudia Vaz Antunes

sexta-feira, setembro 02, 2005

Não quero partir


Lisboa estava triste
A lua acenava-me reflectida no Tejo
Mais uma ponte que atravesso
Mais uma vida que confesso
E um passado que fica para trás
Deixo o cacilheiro, o homem das castanhas
A varina, a severa e o cauteleiro
Deixo as tradições
Já não me alimentam a alma
Já não me restauram a calma
Deixo o bairro, a casa
O chão que a segura
Deixo recordações
Levo comigo as tralhas
E um baú cheio de falhas
Não quero partir
Mas também não sei ficar.

Cláudia Vaz Antunes