domingo, julho 30, 2006

Qualidade de Vida

Perguntaram-me há uma semana, o que entendia eu como Qualidade de Vida, já que estava sempre a mencioná-la como um dos meus objectivos:

Na verdade, esta Qualidade de Vida a que me refiro, não se trata do poder para adquirir bens ou serviços ou de mobilizar influências.
Qualidade de Vida, é ter disponibilidade para apreciar um sorriso, para parar para conversar com um desconhecido na rua, para perguntar à outra pessoa o que tem feito, e realmente ouvir com interesse o que esta tem para nos responder.
É caminhar de pés descalços num jardim de erva molhada sem estarmos inquietados com a sujidade que se nos agarra aos pés.
É terminar o dia de trabalho, rumar á praia mais próxima e, assim mesmo, de fato de trabalho vestido, passear à beira mar, apenas sentindo o instante que se está a viver.
Qualidade de Vida não será a capacidade, aptidão ou habilidade para ofertar presentes, mas poder pagar as contas sem enormes preocupações, ter comida na mesa e reunir os que amamos em nosso redor.
Não será também possuir um bom carro, mas poder deslocar-se (seja de que forma for) até junto dos que nos recebem de braços abertos e, abrir também os nossos, ao carinho e à amizade que nos é dedicada.
Qualidade de Vida não serão as grandes viagens, mas podermos apreciar momentos de imensa grandiosidade que não são susceptíveis de preço: o nascer e o por do sol, um imenso oceano, os campos floridos ou o sabor da preguiça de um arrozal.
Qualidade de Vida não é o acesso ao ginásio da moda, mas caminhar, passear, correr com gosto pelos locais que nos estabilizam e equilibram emocionalmente. Não será também a entrada no SPA, mas os carinhos, beijos e abraços dos que nos amam.
Qualidade de vida é saber tirar o tempo para apreciar estarmos vivos e de saúde e, se a saúde não nos brindar… é saber apreciar o apoio que nos é dado pelos que nos amam, e fazer uma pausa para resgatar a saúde que se perdeu.
Qualidade de Vida, é, desta feita, saber apreciar todas aquelas coisas que estão mesmo em frente do nosso nariz e que não têm preço, mas que teimamos em deixar passar sem que delas nos apercebamos, até, muitas vezes, ser tarde demais.

(Ainda não atingi esta perfeição, mas acho que estou no bom caminho, acabei de regressar de mais uma alvorada!)

7 Comments:

Blogger Jorge Moniz said...

Não podia concordar mais.

31/7/06 22:13  
Anonymous Anónimo said...

Interessante, mas demasiado utópico e irreal. Numa sociedade consumista, agrada-me esse discurso desprovido de qualquer tom materialista, mas...não é essa a realidade que vivemos...pois não??? Palavras sem sentido, principalmente numa sociedade onde se é gente apenas se for doutor!!! Mas vamos esquecer as palavras amargas e centrarmo-nos naquelas sensações inesqueciveis que alguns tentam não esquecer... Um beijo fofo.

31/7/06 23:20  
Blogger Eleafar Cananita said...

si! y calidad de vida tambien es despertar un día, no recordar nada, y salir a caminar en línea recta, mirando siempre para arriba, porque el cielo es muy bonito y uno quiere conocer donde termina.

PD: esperemos que no hayan autos en las carreteras. :S

:)

1/8/06 23:52  
Blogger Pandora said...

e.a.- :-) benvindo

Carlos- não concordo contigo, até pq esta é a minha realidade, e todos os dias eu faço por ela, e de forma alguma é utópica... somos sempre responsáveis pelo rumo q damos á nossa vida, e é a ela que devemos prestar contas..
Para mim, as minhas palavras têm sempre sentido. Um beijo fofo Amigo

Eleafar Cananita - também concordo, devemos olhar para cima, que mais não seja para termos um novo ponto de vista... e lá em cima temos um céu maravilhoso.

2/8/06 17:18  
Anonymous Anónimo said...

passei por aqui, achei por bem deixar um poema.Espero que gostes.beijos Almasy

Poema dos pequenos prazeres

Pequenos prazeres
O tamanho nunca foi importante
Contam os minutos que valem horas
Aquele dia em que, engalanados,
Lançamos dados à conquista dos desejos quotidianos

Aquele chocolate quente na esplanada à beira-rio
À beira-mar
O suave perfume do mar
As ondas que nos cantam, sirénicas
Aqueles que nos amam com pequenos beijos
Tão leves que perduram à força da gravidade

Aqueles que de longe nos escutam
E se lembram mais tarde
De todas as sílabas
Aqueles que sem fazer alarde
Nos abraçam com o olhar
E se lembram
Se lembram sempre...

O prazer do reencontro das impressões frescas de há muitos anos
Essa retoma do carreiro
Da álea que conduz ao sítio certo
Sabido porque lá estamos
Uma vez chegados

Aquela sensação de pés engalfinhados
No areal húmido da vida
Aquele prazer formiguento
De estar ali, somente

A vez cedida à senhora indulta
O contentamento do sorriso anuente
A sensação adulta da civilização
Do jogo de escondidas com a criança que nos habita
O contentamento dos sorrisos mútuos
De todas as personagens do teatro interior
Num cenário revigorado por pequenas energias


A sensação de estar certo só por ali estar
A sensação
A permuta de pequenos presentes
Contas que voltam sempre
Para maior prestígio e serenidade do ser social

No fim de contas o peso ideal
Que não se tem sempre
Nem encontra em qualquer lado

São pequenos prazeres
São minutos que valem horas
São segundos que são primeiros

São pequenos prazeres
Pequenas fontes que brotam
Onde rios secam
Onde mares perdem salinidade

Onde é grande a afinidade
Entre querer e ser
Entre a valentia de correr ao encontro da vida
E cumprimentá-la com o respeito
Do vassalo que sabe ser soberano
No momento em que passa a majestade
E sorri por ser mais alto
Mesmo que em bicos de pés

São pequenos prazeres
Mas são grandes
São como ramos de árvores que acenam
Abraçados por uma brisa amiga
Que nos cumprimenta a caminho de rever o sol
Deitado sobre uma erva alta
Que cresce
Com a rebeldia de um adolescente
Que do contra não corta o cabelo

Também é um pequeno prazer
Pegar em palavras
Rodopiá-las como crianças poetas
Numa roda que roda sempre mais
Empurrá-las num baloiço até ao infinito
Atirá-las ao ar com alegria

Deixando-as cair como búzios lançados por um adivinho
No carinho aconchegante dos braços solícitos
Somos livres,
Sim, sim, sim,
Livres

Hurra!

8/11/06 16:46  
Blogger Pandora said...

Almasy:

Obrigada por me teres concedido a honra de ler um poema teu e de o juntares aqui... efectivamente vivemos de pequenos prazeres, mas não lhes sabemos dar a devida importância...contudo, permanecem sendo efectivamente o sal da vida.
Um beijo e um bem haja

Cláudia

12/11/06 11:45  
Anonymous Anónimo said...

Concordo e tento viver de acordo com tudo isso que escreveste.
esse promenor de pararmos na rua e falarmos com estranhos, fez-me lembrar o meu inicio profissional. com efeito, tendo vivido sempre numa aldeia, estava acostumado(assim fui educado) a cumprimentar e falar com todas as pessoas que me cruzava no dia-a-dia na aldeia.
Qd comecei a trabalhar, a empresa para onde fui tinha pouco mais de 300empregados(a minha aldeia tinha cerca de 500habitantes). decidi que aquela seria "mais" uma nova aldeia onde me ia integrar... qd passava por alguém na empresa, cumprimentava sempre a pessoa... muitos olhares estranhos e inquisidores cheguei a receber. assim continuou mas apenas por mais umas semanas, após o que, já recebia cumprimentos como resposta tb...
a cada momento, em cada circunstância temos de procurar e lutar pela qualidade de vida que desejamos e defendemos. só assim a conseguiremos.

Beijo
Ca

8/4/07 00:33  

Enviar um comentário

<< Home