sexta-feira, agosto 26, 2005

Pausa

Agora sou pausa.

Paro porque preciso, paro porque quero… porque necessito deste tempo, para reflectir, para ponderar, para discorrer quem sou.
Mas paro considerando a actividade, o recurso ao movimento… quero voltar a mexer em mim.
Mas agora não quero querer. Preciso de pausa.
Não posso pensar, não posso cansar-me mais. Vou recuperar a minha fluidez, mas preciso esperar…
Ardilosamente armo uma ratoeira ao que se vai passar, porque quero prender os momentos que aí vêm, aqueles que eu quero que aconteçam. Esses, não me podem escapar… Não posso deixar.
Recupero energia para me esconder na esquina desta minha vida, à espreita daquele segundo… o primeiro, aquele que eu quero que aconteça. Como um gato que observa o canário… à espera, à espreita.
Recuperada, agarro o segundo, para o tornar em realidade da vida que desejo viver. Quero descansar para poder saltar sobre ele no momento em que ele passa, para o agarrar, para não permitir que passe sem me contemplar.
Estou em pausa, mas estou aqui, viva. Absorvo tudo o que vibra, tudo o que se achega ao meu espaço. Eu não me atrevo a aproximar de nada nem de ninguém, apenas vigio o que em redor de mim acontece.
Não me permito sequer oscilar. Imóvel me quedo, em hibernação, placidamente.
Não me iludo, eu mantenho-me aqui, estável, em constante mutação, mas estável.
O meu momento aproxima-se e eu vou colhê-lo, tenho esse direito. Ganhei-o porque me gastei a criá-lo.
Mas renasço da pausa que eu agora tenho sido… porque pacientemente tenho esperado, o segundo…o primeiro, aquele que eu quero que aconteça e que não posso deixar escapar.

Cláudia Vaz Antunes

1 Comments:

Blogger Myu said...

é mesmo necessário parar de vez em quando. um parar saudável para um renovar da vida... se esta não se renova, estamos condenados..
és linda!!!

30/8/05 22:21  

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