sexta-feira, agosto 05, 2005

Um Nascer do Sol ao Fim do Dia

Acordei em sobressalto sem saber porque razão...A casa estava na penumbra, e ouvia lá fora os ruídos que o urbanismo trazia até mim; o silêncio provinha de dentro de casa e de dentro de mim.
Um soluçar e um tinido romperam a serenidade do cenário.
Curiosa como sou, avancei pela casa seguindo o som... talvez fosse um ladrão!
Ao fundo do corredor, na semi-obscuridade da noite e do luar, vislumbrei uma silhueta enrolada em novelo. Aproximei-me. Era uma criança, um pequeno querubim de cabelos cor de prata, faces cor de rosa e olhos brilhantes como pérolas marinhas.
O menino chorava baixinho, escondido de um perigo algures oculto nas trevas.
A sua inocência enquadrada naquele ambiente davam-lhe um ar etéreo.
Peguei na criança e aconcheguei-a no meu regaço tentando transmitir-lhe algum calor e segurança. Acho que sussurrei o seu nome, não me recordo ao certo... também tenho uma vaga recordação de ter carregado o seu corpinho macio para a minha cama e de lá o ter instalado, debaixo dos lençóis, aconchegado contra o meu corpo.
Depois... bem, depois adormeci e quando acordei estava só.
Levantei-me e procurei o pequeno Querubim por toda a casa. Nem sinal dele.
Lavei-me, vesti-me e saí para o meu trabalho diário com a forte convicção de que havia sonhado.
Já o sol se punha quando a casa cheguei, cansada e suja do bulício citadino. Tomei um banho e senti o stress a abandonar todos os meus músculos... relaxei.
Entrei no quarto, e lá estava a minha visão, sentado em cima da cama com o meu ursinho de pelúcia nos braços. Aquele menino que tinha sido o meu sonho, materializara-se e olhava agora para mim com os seus belos olhos da cor do mar.
Sentei-me ao seu lado e afaguei-lhe os caracóis. Ele sorriu iluminando todo o quarto.
--Quem és tu docinho?--ocorreu-me perguntar.
A criança largou o boneco, abraçou-me e quedou-se ali sem me dar resposta.

Cláudia Vaz Antunes 03/07/19996 3:17

2 Comments:

Blogger Luis Leal said...

Este comentário foi removido pelo autor.

17/10/09 22:30  
Blogger Luis Leal said...

Que agradável surpresa o facto de partilhar este seu "refugio" comigo,gosto da forma como transforma em palavras tudo o que as suas fotos transmitem,serenidade,paz,conforto e mais uma série de sentimentos que não me atrevo a descrever...
Um admirador de palavras simples,mas que sabem espelhar a sua maneira de ser.
Parabéns
Luis Leal

17/10/09 22:41  

Enviar um comentário

<< Home