sexta-feira, agosto 26, 2005

Paraíso

"Deixa ficar comigo a madrugada,
para que a luz do Sol me não constranja.
Numa taça de sombra estilhaçada,
deita sumo de lua e de laranja.

Arranja uma pianola, um disco, um posto,
onde eu ouça o estertor de uma gaivota...
Crepite, em derredor, o mar de Agosto...
E o outro cheiro, o teu, à minha volta!
Depois, podes partir.

Só te aconselho que acendas,
para tudo ser perfeito,
à cabeceira a luz do teu joelho,

entre os lençóis o lume do teu peito...
Podes partir.
De nada mais preciso
para a minha ilusão do Paraíso."


David Mourão Ferreira

Este, fica aqui para meu deleite...

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

As palavras são instrumentos que apenas alguns utilizam com méstria. De poeta nada tenho mas, deixo-te outro poema do mesmo autor:

Blocos

É isto vivemos dentro
de grandes blocos de gelo
sem aquecermos ao menos
com os dedos outros dedos
No fundo de nós temendo
que um dia se quebre o gelo

(David Mourão Ferreira)

27/8/05 03:33  

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